Líder da União Brasil expõe racha sobre voto com Lula: ‘Não vou obrigar ninguém a se suicidar’

Líder da União Brasil na Câmara e um dos principais aliados de Arthur Lira (PP-AL), o deputado Elmar Nascimento (BA) afirmou nesta terça-feira (13) não garantir o apoio integral de deputados da legenda ao governo Lula (PT) mesmo se os pedidos do partido forem atendidos.

“Eu não vou obrigar ninguém a se suicidar”, disse Elmar, após reunião da bancada que discutiu a relação da legenda com o Executivo.

Segundo ele, há deputados como Kim Kataguiri (SP), Rosângela Moro (SP), Felipe Francischini (PR) e Mendonça Filho (PE) que, se apoiarem a pauta do PT, votariam contra a posição dos próprios eleitores.

O União Brasil pediu ao Palácio do Planalto para trocar a ministra do Turismo, Daniela Carneiro, pelo deputado Celso Sabino (União Brasil-PA). Lula se reuniu com Daniela nesta terça-feira (13) e deu uma sobrevida à permanência dela no cargo. No entanto, aliados do presidente já dão como certa a demissão nos próximos dias.

“Sobre ministério, quem tem legitimidade para escolher ministro, nomear ministro e demitir ministro é o presidente Lula. Quando, e se ele achar que deve, ele vai nos chamar. Há entre nós e o governo uma concordância de que a forma como foi concluído no início do mandato não foi adequada porque não houve a legitimação da bancada”, afirmou o líder da União Brasil.

Segundo relatos, na reunião da bancada havia um clima de insatisfação com a decisão de Lula de, ao menos por enquanto, manter Daniela no cargo. De um lado, uma parte dos parlamentares defendia que Elmar passasse uma mensagem mais dura contra o governo. De outro, deputados como Sabino tentavam colocar panos quentes.

Ainda de acordo com um participante, Elmar afirmou que uma declaração mais dura só poderia ser feita se contasse com apoio de parlamentares de outros partidos do centro ou até mesmo do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).

Após a reunião da bancada na Câmara, a União Brasil realizou um jantar que reuniu ministros do governo Lula, como Alexandre Padilha (Relações Institucionais) e Juscelino Filho (Comunicações).

Para Elmar, as negociações com o Palácio do Planalto devem tratar de uma nova configuração para que ministros da União Brasil possam atender a demandas de parlamentares. “Havendo uma nova configuração. Vamos tratar de tudo da União [Brasil]”, disse.

Deputados pleiteiam indicações para o comando da Embratur e também dos Correios –vinculados ao Ministério das Comunicações, mas atualmente comandado por um aliado do PT.

“Não é troca de pessoas. Mas as condições adequadas para o ministro Waldez [Goés, da Integração Nacional], Juscelino e quem vier a suceder Daniela para atender não só a União Brasil, mas o Congresso como um todo”, declarou Elmar.

Thiago Resende, Victoria Azevedo e Julia Chaib/Folhapress